Por Higor Trindade [*]
Edvaldo Nogueira, um nome que um dia ecoou como o de um líder promissor e figura de confiança para Marcelo Déda (in memoriam), chega agora ao epílogo de sua trajetória política com um desfecho distante das expectativas que o cercavam. Ao longo dos anos, ele acumulou conquistas e pavimentou sua imagem com realizações. No entanto, seu ciclo encerra-se com uma amarga derrota: a incapacidade de eleger Luiz Roberto como seu sucessor.
Há momentos em que a solidão do poder torna o líder incapaz de perceber os riscos de suas escolhas. Edvaldo, em seu isolamento, fechou-se em seu “palácio de cartas marcadas,” afastando-se da classe política e ignorando o valor do diálogo com seus aliados e com aqueles que poderiam fortalecer seu projeto político. Deixou de lado a habilidade de articular, fundamental para a sustentação e a continuidade de sua influência. Esse distanciamento custou-lhe caro: Luiz Roberto, seu sucessor natural, naufragou na disputa, enquanto Edvaldo permaneceu incapaz de transferir capital político suficiente para garantir a vitória.
Reconhecido pelo apelido de “Alcaide,” Edvaldo sempre se orgulhou de sua gestão e de seus feitos. Não se pode negar que realizou muito em sua trajetória, mas a política é uma arena onde o reconhecimento dos feitos nem sempre é suficiente para manter-se de pé. A derrota marca o fim de sua liderança no cenário político, impondo-lhe a reflexão de que, apesar das realizações, a forma de fazer política também importa, e isso pode ter feito a diferença em seu desfecho melancólico.
Agora, resta a Edvaldo integrar o grupo daqueles que um dia governaram e, em algum momento, souberam se despedir. Ele, que sempre foi reconhecido pelo estilo único, estará no rol dos ex-líderes, aqueles que fizeram muito, sim, mas que também tiveram em seus passos as falhas que selaram o fim de suas jornadas no poder. Certamente é uma honra chegar até aqui para muitos homens públicos, mas talvez para ele seja uma oportunidade de reavaliar os caminhos percorridos e o impacto que suas “jogadas incertas” causaram na política e no seu próprio futuro.
Edvaldo, talvez agora tenha a chance de repensar suas decisões, num momento em que o foco já não estará na esfera pública, mas, possivelmente, na pessoal. E, se houver algo a aprender, que seja para que seus passos futuros, mesmo longe das câmeras e das manchetes, não repitam os erros cometidos.
Adiós, querido Edvaldo, e boa aposentadoria.
[*] Jornalista MTb 2293/SE