O Brasil exige um debate imediato

Artigo escrito pelo cientista social Francisco Emanuel, carinhosamente conhecido como professor Chico

Por Francisco Emanuel [*]
Escreve todas às sextas-feiras

Há pouco mais de um ano e sete meses das eleições gerais de 2026 e diante das incertezas, principalmente sobre as candidaturas à Presidência, se fala sobre uma queda de popularidade do presidente Lula, além da viabilidade de certas candidaturas especuladas e lançadas como balões de ensaio.

Isso é um problema porque a política é muito instável e dinâmica e muda muito rápido, porque o Brasil precisa de governabiilidade e da presença do Estado em suas diversas esferas, porque temos uma emergência climática para cuidar, porque temos uma tentativa de golpe de Estado e uma democracia para recompor e porque temos que corrigir celeumas em nosso sistema de governo para poder construir um país com estabilidade e clareza na responsabilidade dos poderes diante das decisões. Além disso e com flagrante evidência, a inflação, a necessidade de expansão e manutenção de jovens nas escolas aprofundam nossas desigualdades de toda sorte.

Há alguns dias atrás, veio a tona uma carta de Kakay sobre erros do presidente Lula na condução do trato político em sua gestão atual, e paralelamente a isso, surgem murmúrios sobre os ministros Ruy Costa e Fernando Haddad, a deputada Gleise Hoffman e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A idade chega para todo mundo e chegou para o presidente Lula também, mas além disso as tensões com “o mercado” e a polarização eleitoral com o bolsonarismo tem piorado as especulações e pressões sobre o presidente.

As quedas subsequentes nos índices do presidente não querem dizer que concorrerá ou não, se vencerá ou não em 2026, dada a natureza rápida da política. Junto a isso temos instabilidades internacionais com o efeito Trump e os interesses russos e chineses, bem como o mau humor ideológico de parte das elites políticas e econômicas com um governo centrista que procura aliar o equilíbrio fiscal com a distribuição de renda e a manutenção dos investimentos do Estado para diminuir as desigualdades no país

A emergência climática também demanda nossa atenção diante do interesse do presidente Lula versus a preocupação da ministra Marina Silva com a exploração de petróleo na bacia Amazônica numa época em que o Brasil reivindica protagonismo na discussão sobre uma energia limpa e que não prejudique o futuro do planeta, mas não deixa de pensar na possibilidade de usar o dinheiro de energias mais poluentes para impulsionar o seu desenvolvimento.

Urge também discutir mais uma vez se devemos ter um semipresidencialismo que equalize melhor as responsabilidades do Executivo e do Legislativo federais nas decisões que impactam o nosso país num momento em que caminhamos lentamente na redução do número de partidos políticos, mas carecemos de transparência na destinação de recursos federais e continuamos reincidindo no erro de culpar sempre o presidente por coisas sob as quais ou ele não decidiu ou não decidiu sozinho. A política é o oxigênio dos políticos, mas não deveria ser a asfixia dos eleitores. Falta interpretação de texto, mas também falta educação política.

[*] Francisco Emanuel Silva Meneses Alves é cientista social, articulista, comunicador político @politica_facil_ (no Instagram), Membro da Rede Estadual de Educação e Idealizador do projeto “Politica Fácil” enquanto professor temporário de sociologia na rede estadual de Sergipe

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