Por Uilliam Pinheiro
Gedalva Umbaúba se tornou uma liderança popular em São Cristóvão por sua atuação em defesa dos mais necessitados, principalmente na luta pelo acesso á agua nos povoados, o que a elevou ao posto de vereadora da cidade e, posteriormente, em 2020, à disputa acirrada pela prefeitura contra o então prefeito Marcos Santana.
Em 2024, surpreendendo parte de seus eleitores, Gedalva decidiu mudar de lado e integrar o grupo político de Marcos Santana, aceitando o convite para ser vice na chapa encabeçada por Júlio, ex-genro do ex-prefeito. A vitória eleitoral veio, e a presença de Gedalva Umbaúba foi determinante para o êxito do grupo.
Naturalmente, havia a expectativa de que a nova vice-prefeita teria papel de destaque na gestão, seguindo o exemplo de vices atuantes em outras cidades, como Ricardo Marques em Aracaju e Elmo Paixão em Nossa Senhora do Socorro. Mais do que isso, segundo fontes, o acordo político previa que Gedalva pudesse ser contemplada com a indicação de algumas secretarias, o que permitiria a ela retribuir com cargos e espaços às pessoas que sempre estiveram ao seu lado na caminhada política.

Mas o que se viu foi outra realidade. O que Gedalva recebeu do prefeito Júlio e do ex-prefeito Marcos Santana foram pequenas migalhas, um espaço restrito e pouco significativo dentro da administração, demonstrando uma estratégia clara de limitar ou até mesmo impedir o crescimento da vice-prefeita.
O que percebe-se é a transformação de uma liderança popular e carismática numa vice decorativa sem voz e sem espaço real para influenciar as decisões da administração de Júlio de Marcos Santana.
Um episódio recente que reforça essa percepção foi durante a cerimônia de entrega do título de cidadão sancristovense ao reitor da Universidade Federal de Sergipe, onde Gedalva estava na mesa de honra, mas foi a única a não ser convidada para discursar. Um sinal claro de que, apesar do cargo, sua participação política tem sido minimizada.
Outro fato que evidencia essa tentativa de esvaziamento político ocorreu na Marcha dos Prefeitos, em Brasília. Enquanto muitos prefeitos sergipanos participaram acompanhados de seus vice-prefeitos, o prefeito de São Cristóvão optou por levar consigo o ex-prefeito e atual secretário de Governo, Marcos Santana, deixando Gedalva de fora. A mensagem foi evidente: Gedalva foi uma peça necessária para vencer as eleições em 2024, mas, agora, na gestão, não é mais considerada estratégica.
Esse afastamento também é perceptível nas cerimônias oficiais promovidas pela prefeitura. Pouco se vê a vice-prefeita participando de ordens de serviço ou de ações importantes da gestão, reforçando a impressão de que Gedalva está sendo mantida longe dos holofotes e das decisões.
Fica a pergunta: por que uma liderança tão expressiva está sendo deixada de lado? Seria uma estratégia do ex-prefeito Marcos Santana para evitar que Gedalva ganhe ainda mais força política e se torne uma potencial adversária em 2028?
O fato é que Gedalva Umbaúba, que já foi protagonista da política de São Cristóvão, hoje ocupa um papel secundário, distante da influência que muitos acreditavam que teria. Resta saber se ela permitirá que essa situação seja definitiva ou se buscará se reposicionar politicamente. Só o tempo vai revelar se este é um afastamento circunstancial ou parte de um projeto político bem calculado.