
Por Fausto Leite
Alessandro Vieira, um nome que muita gente torce o nariz no primeiro momento, mas que, quando a poeira baixa e o jogo da política se revela, se mostra como aquele único jogador que está correndo pelo time enquanto os outros estão tirando selfie no meio do campo. Confesso que fui e ainda sou um dos críticos mais exigentes dele. Sempre achei o senador seco demais, sorriso de canto de boca, jeitão de delegado em blitz com pressa. Mas chega uma hora que a gente tem que engolir o orgulho e admitir: coragem não se finge, e caráter não se compra.
Numa comparação direta com os atuais senadores de Sergipe, o contraste beira o gritante. Rogério Carvalho, do PT, parece viver num universo paralelo, onde a realidade é editada em panfleto partidário e qualquer crítica é vista como heresia. Laércio Oliveira, do PP, tem um perfil empresarial tão blindado que parece mais preocupado com a tabela do dólar do que com os dramas da população. E aí vem Alessandro, agora no MDB, com um discurso que não alisa, mas acorda. Não agrada, mas representa. Enquanto os outros mandam emenda como quem joga flor em trio elétrico – “gostei daqui, manda uma verba” — Alessandro abriu edital, analisou dados, fez triagem técnica e acompanhou a execução como se estivesse de plantão numa delegacia. Porque, no fundo, ele nunca deixou de ser fiscal, só trocou a arma pela caneta.
Na segurança pública, enquanto políticos tradicionais só aparecem ao lado da PM pra gravar vídeo em véspera de eleição, Alessandro destinou verba real, com resultado concreto. A polícia sergipana, que hoje figura entre as mais elogiadas do país, é fruto de investimentos sérios. Nada de tapinha nas costas, mas sim estrutura, viatura, armamento, inteligência. Resultado? A segurança de Sergipe subiu no ranking nacional enquanto outras capitais desabavam.
Mas o ponto que mais me faz rever minha postura crítica é outro: a coragem de bater de frente com o Judiciário. Num Brasil onde 95% dos magistrados recebem acima do teto constitucional, num país em que soldados morrem com farda rasgada e juízes ganham penduricalho por trabalhar sentado, Alessandro foi à tribuna do Senado e disse o que ninguém ousa: “O Judiciário perdeu a vergonha”. Disse que magistrado não corre mais risco que PM. Disse que juiz que folga a cada três dias não está trabalhando, está fazendo turismo jurídico. E disse mais: que toda essa estrutura de super salários é uma elite encostada, que envergonha o país e suga recursos públicos com a mesma leveza com que escreve sentenças.

Numa democracia capenga como a nossa, onde boa parte do Parlamento vive de joelhos pro Judiciário, esse tipo de fala não é só coragem, é resistência. E não é bravata de boteco, não. É fala técnica, embasada, sustentada por dados do CNJ, por relatórios oficiais e, agora, até por ministros do próprio Supremo. Flávio Dino e Cármen Lúcia já verbalizaram críticas parecidas. Mas quem disse antes, quando ainda era perigoso dizer? Alessandro. E ele não disse de leve. Disse como quem já cansou de fingir respeito por toga que virou paletó de privilégio.
E se estamos falando em 2026, em escolher novamente senadores, vamos falar com seriedade dos que estão se colocando no tabuleiro. Rodrigo Valadares é, sem dúvida, um nome com fôlego e fibra. Tem presença, voz potente e a ousadia que falta em muita gente com mais tempo de estrada. É um político que não corre da briga, não baixa o tom e não se esconde atrás de nota oficial. Se o Senado precisa de sangue novo com coragem de sobra, Rodrigo é um nome que merece respeito. Já Edvaldo Nogueira, experiente e técnico, talvez prefira manter o equilíbrio e a diplomacia institucional. E quanto a André Moura… bem, aí Alessandro já fez o serviço: levantou o histórico, destrinchou os acordos e falou o que muita gente apenas cochicha. Porque enquanto a maioria se cala, Alessandro e Rodrigo têm mostrado que coragem não é opcional, é obrigação de quem quer representar o povo.
Pode ser que ele não seja o político mais carismático. Não dança forró no palanque, não posta selfie no Instagram com filtro de orelhinha de cachorro. Mas se tem algo que o Senado precisa e o Brasil precisa mais ainda é de gente que não tem medo de dizer a verdade. Gente que, mesmo sabendo que vai apanhar, não foge da pancada. Gente que encara juiz, senador, presidente ou empresário com o mesmo tom de quem sabe que foi eleito pra representar o povo, não pra bajular a elite.
E é por isso que, mesmo sendo crítico, eu digo sem hesitação: Alessandro Vieira é um nome forte pro Senado em 2026.E talvez o mais necessário. Num país onde o silêncio é comprado, a fala de Alessandro é patrimônio público.
Texto publicado originalmente no Fausto Leite Notícias – Senado 2026: Vai querer selfie no gabinete ou coragem no plenário? – faustoleite.com.br