No Centro de Excelência Atheneu Sergipense, em Aracaju, alunos participam de projeto inovador de combate à disseminação de informações falsas. Preocupados com as chamadas fake news e seus impactos negativos na sociedade, os estudantes decidiram agir e conscientizar seus colegas sobre a importância de conferir a veracidade das notícias antes de compartilhá-las.
Diante dos desafios do século XXI, o projeto ‘Observatório Internacional da Notícia’ faz da escola um espaço de protagonismo de jovens, atualizando seu papel e saberes. Para isso, os alunos têm autonomia para saber lidar com a informação, um dos principais desafios da atualidade.
À frente da ação está o professor de Sociologia Yuri Noberto. De acordo com ele, o projeto surgiu a partir de uma atividade do Atheneu ONU, projeto de simulação da Assembleia Geral da ONU, que propicia a socialização de ideias e de experiências entre as lideranças políticas e sociais de Sergipe.
“Na edição de 2022 do Atheneu ONU, a gente trabalhou como tema central o combate à polarização e foi então que começamos a perceber que as notícias manipuladas e a desinformação era algo frequente no universo dos alunos e, a partir dessas discussões, a gente viu o quanto isso afetava os alunos. Daí pensamos no ‘Observatório Internacional da Notícia’, para que a escola cumpra seu papel de cidadania e ensine os jovens a partir dos novos desafios da sociedade para que eles sejam capazes de diferenciar as informações falsas das verdadeiras, e aquelas manipuladas, promovendo, assim, o letramento digital”, explicou.
Checagem da informação
O projeto ‘Observatório Internacional da Notícia’ conta com a participação de 160 alunos da 3ª série do ensino médio. “Na primeira fase, é realizada a cartografia social dos alunos, que consiste na aplicação de questionário para conhecer melhor como essa problemática afeta a vida dos alunos. Já na segunda fase os alunos são divididos em grupos e cada um deles ficou responsável por monitorar uma rede social. Na terceira fase, temos a etapa operacional, quando é feita a catalogação de dados. Nessa fase, os alunos têm aulas sobre como fazer checagem de informação. Ao final do processo, no fim do ano, é eleita a fake news mais prejudicial para cada uma das plataformas analisadas”, informou o professor de Sociologia.
Além de envolver a Sociologia, a ação é desenvolvida em conjunto com a disciplina de Redação. Segundo o professor de Língua Portuguesa Roney Marcos Santos, o projeto permite a interdisciplinaridade, com temas da contemporaneidade, além de despertar o senso crítico dos alunos. “Dentro da disciplina, a gente sentiu essa necessidade de trabalhar com as fake news. Percebemos que os estudantes estão circulando nas redes sociais e estão tendo muito contato com essas notícias falsas. Pensando nisso, o nosso intuito é tornar esses alunos multiplicadores no combate à desinformação. Antes do projeto, percebíamos que os alunos traziam algumas informações estranhas e enviesadas. Já com projeto em andamento, a gente nota um senso crítico mais apurado e um embasamento melhor para as argumentações. Eles começaram a entender o que são fontes, estão buscando os veículos de informações, procurando conhecer o trabalho dos jornalistas, além do processo de construção da notícia”, declarou.
Protagonismo
O professor Yuri Noberto reforça, ainda, a importância do projeto para o protagonismo dos alunos e, ao mesmo tempo, para a construção de uma sociedade mais informada e consciente. “Há centralidade do aluno no processo, afinal, a demanda por esse tema parte deles e em todo processo eles são ativos e centrais. Outro ponto, é a escola reinventar-se para ensinar temas e assuntos que são relevantes para o cidadão de 2023”, destacou o professor.
O aluno Jamisson Fontes de Oliveira Júnior, 20 anos, conhecido como Júnior Paixão, ressaltou um maior estímulo pelos estudos a partir do projeto. “Mostra que a gente tem responsabilidade, e estimula mais jovens também a fazerem a diferença. Aqui na escola, somos orientados a questionar e isso também influencia no combate à desinformação”, disse o estudante, que pretende fazer o Enem para Jornalismo. “É um curso que me identifico bastante e esse projeto só veio reafirmar e me impulsionar para o que quero ser, que é informar as pessoas”, expôs.
Já para o estudante do 3º ano Rafael Gama, 16 anos, a ação aflorou a responsabilidade social no compartilhamento das informações. “Participar do ‘Observatório Internacional da Notícia’ é de grande valia, justamente pelo motivo de que a gente consegue entender como a notícia advém. Dentro dele, conseguimos acompanhar e diferenciar como se comporta diante das redes sociais. Para isso, pegamos o Instagram, Twitter, Facebook, Kwai, TikTok e a variação dentro dessas plataformas. Isso tudo é bom para gente entender como devemos nos posicionar diante das informações que são veiculadas”, relatou.
O jovem acrescentou que, depois do projeto, percebe-se uma responsabilidade social muito forte dos estudantes em se comprometer com as notícias que vão propagar. “Hoje eu vejo que eu e meus colegas estamos mais empenhados e comprometidos em analisar as notícias e o impacto que elas geram, e, isso acaba criando uma triagem na hora de compartilhar todas essas informações”, pontuou.
Fonte: Agência Sergipe de Notícias
Foto: Erick O’Hara