Por Murilo Gomes [*]
O Pix se consolidou como o meio de pagamento mais popular do Brasil em 2023, com impressionantes 42 bilhões de transações, um crescimento de 75% em relação ao ano anterior. Esse sistema revolucionou a forma como os brasileiros realizam pagamentos e transferências, superando até mesmo os tradicionais cartões de crédito e débito, que totalizaram cerca de 39,4 bilhões de transações. O valor movimentado pelo Pix atingiu R$ 17,2 trilhões, ficando atrás apenas da TED, que somou R$ 40,6 trilhões.
A popularidade do Pix não é apenas uma questão de números. O sistema financeiro brasileiro viu a inclusão de 71,5 milhões de novos usuários, o que representa uma democratização do acesso a serviços financeiros. Para muitos, o Pix se tornou sinônimo de cidadania e dignidade, permitindo que pessoas de diversas camadas sociais realizem transações de forma rápida e eficiente.
Os bancos, por outro lado, enfrentaram um desafio significativo, perdendo bilhões em arrecadação devido à ascensão do Pix. A leveza e a força desse meio de pagamento mexem diretamente com o cotidiano de todos os brasileiros, tornando-se uma ferramenta essencial nas mais variadas situações financeiras.
Método simples, sem muita burocracia e sem custo, ficou tão popular que hoje, do saquinho de pipoca ou compra de grandes montas, o Pix é usado. O trabalhador recebe e paga tudo pelo sistema. Com isso, o volume de moeda em circulação caiu muito, e com isso até alguns índices da violência mudaram de rota. Caíram por exemplo os números das “saidinhas de banco”, assalto à ônibus, táxis e carros por aplicativos.
No entanto, alguns crimes, principalmente praticados pela internet, foram potencializados, os mais comuns, são os que de posse de perfis falsos tentam seduzir familiares à fazer transferências, e um mais grave que é da venda de máquinas e veículos onde o comprador é sequestrado e obrigado a repassar o valor da compra sem no entanto nunca receber o bem.
É preciso muita cautela, é preciso atentar para uma segurança de senhas bancárias e seus recursos tecnológicos como biometria facial, impressão digital e outros meios para dificultar a ação de golpistas. Guardar o celular sempre em local seguro, jamais entregar à terceiros e nunca liberar senha à ninguém.
O sucesso do Pix é tão grande que tem maravilhado inclusive turistas estrangeiros, entre eles os argentinos que voltaram a frequentar o sul do país. Os argentinos ficaram apaixonados pela rapidez e capilaridade do pagamento.
Em um cenário onde a comunicação do Governo Federal sobre o Pix gerou confusão e desinformação, a verdade é que o sistema se tornou uma parte indissociável da vida financeira dos brasileiros. O Pix não é apenas um método de pagamento, é uma verdadeira revolução que transforma a maneira como lidamos com dinheiro no país.
Em resumo, o Pix é um exemplo claro de como a inovação tecnológica pode impactar positivamente a sociedade, trazendo benefícios diretos à população e redefinindo o conceito de inclusão financeira no Brasil. O processo de bancarização digital teve inicio lá atrás, mas com a pandemia e a necessidade de realizar milhões de pagamentos aos beneficiários do então auxílio emergencial, em um movimento que atingiu cerva de 47 milhões de pessoas, a maioria sem contas correntes ou pelo menos com uma conta digital, esse processo tem levado muito mais que um meio rápido e eficaz de pagamento, confere dignidade e cidadania à milhões de pessoas.
[*] Jornalista e empreendedor