Por Uilliam Pinheiro
O colega e referência do jornalismo político sergipano, Anderson Christian, em um dos inúmeros textos escritos em seu blog – que, diga-se de passagem, é um dos poucos autorais no jornalismo sergipano – trouxe uma leitura que, ao meu ver, não reflete a realidade das intenções do senador Alessandro Vieira ao mencionar que ele “joga para a plateia” em relação ao movimento efetuado para obstruir a votação no Plenário das mudanças propostas na Lei da Ficha Limpa.
Concordamos que o tema da Lei da Ficha Limpa é polêmico e um tanto espinhoso, mas é necessário proteger essa conquista do povo brasileiro, que, vez ou outra, é atacada por nossos “santos parlamentares”, os quais buscam abrir brechas para realizar suas “traquinagens” políticas.
É nessa defesa da integridade da Lei da Ficha Limpa que se insere a atuação do senador Alessandro Vieira, que tem feito todos os movimentos possíveis no Senado Federal para garantir que a legislação continue impedindo candidatos condenados de retornarem à política antes de cumprir o tempo adequado fora da vida pública – seja para refletirem melhor sobre seus atos, seja para não retornarem mais à política.
E o senador Alessandro não age por conveniência, mas sim por princípios. Ao longo de todo o seu mandato, tem travado lutas para que aqueles que desejam entrar na vida pública o façam de maneira transparente e ética.
O argumento de que a obstrução impede que a população conheça o posicionamento dos parlamentares em relação às mudanças propostas na Lei da Ficha Limpa pode parecer plausível à primeira vista. Entretanto, no fim das contas – ou melhor, no fim da sessão no Senado –, o que realmente importa é que um projeto danoso à sociedade não avance. E, se para isso for necessário utilizar estratégias de obstrução, garantindo tempo para articulação e aperfeiçoamento do texto, essa ação se justifica. De que adianta saber a posição de cada parlamentar se, ao final, o resultado for o enfraquecimento da Lei da Ficha Limpa, sem possibilidade de retroceder?
Que benefício haveria para a sociedade na aprovação de um projeto cujas novas regras possam ser aplicadas imediatamente, favorecendo até mesmo políticos já condenados? A lei deve proteger quem busca agir corretamente, e não abrir brechas para aqueles que praticaram irregularidades.
Outro ponto levantado no texto do colega Anderson Cristian – de que o senador, ao obstruir a matéria no Senado, estaria “jogando para a plateia” – não se sustenta quando se analisa historicamente sua atuação. Em todas as frentes que encabeçou, tanto na defesa da Lei da Ficha Limpa quanto de outras legislações que o Congresso, em algum momento, tentou enfraquecer, sua posição sempre foi coerente: combater a impunidade e preservar a moralidade na administração pública.
Talvez o senador Alessandro seja incompreendido por sua forma singular de atuar na política. Isso não significa que ele não faça política – ao contrário, ele a faz, mas não no modelo tradicional, marcado pelo coronelismo e pela troca de favores, que nos acompanha desde a Proclamação da República. Portanto, não se pode rotulá-lo como um “antipolítico” apenas porque não adota o modus operandi dos demais.
Dito isso, uma coisa é certa: o senador Alessandro tem princípios claros e os defende até o fim. Ele se posiciona e sustenta seu posicionamento, custe o que custar, sem jamais jogar para a plateia ou agir por mera conveniência política ou eleitoral.