As mulheres e a eleições 2024 em Aracaju

Artigo escrito pelo professor Francisco Emanuel

Por Francisco Emanuel Silva Meneses Alves [*]

Não é mais segredo para ninguém que as mulheres vem lutando para ocupar mais espaços de poder. Mesmo com parte dos partidos utilizando as tão necessárias cotas de gênero para a composição de chapas de forma ou irrefletida, buscando mulheres que apenas aceitem ser candidatas em troca de algo, sendo que nem sabem o que significa essa responsabilidade por não ter vivência político-partidária ou mesmo não tenham sequer o próprio voto (o cúmulo da desfaçatez de quem não sabe o que está fazendo).

Mesmo assim a Câmara Federal pôs entre as medidas que integram uma mini-reforma eleitoral que precisa ser votada em dois turnos naquela casa e no senado flexibilizar as punições aos partidos que descumprirem as cotas de candidaturas femininas. Felizmente a justiça eleitoral e a sociedade civil organizada têm sido habilmente vigilantes quanto a isso e tem inclusive apontado para a cessação de mandatos dos partidos que descumpriram essas cotas até aqui. O esquisito do ponto de vista lógico é que cassam vereadores homens por desrespeitarem a participação feminina para colocar outros homens no lugar. Seria interessante preencher essas vagas com mulheres.

Enfim, 2024 chegou e em Aracaju se vê nomes como a defensora pública aposentada e vereadora Emília Correia, a delegada e secretária de estado Daniele Garcia e a deputada estadual Linda Brasil (educadora e primeira mulher trans a ser vereadora na capital sergipana e hoje deputada estadual) muito bem colocadas nas pesquisas de intenções de votos, seja induzidas ou espontâneas.

Hoje Aracaju tem quatro vereadoras e Sergipe tem 13 prefeitas, cinco deputadas estaduais e duas federais (pela primeira vez elegemos duas deputadas federais)**.

À direita temos Emília Correia. Popular, carismática, hábil, combativa e presente dentro de Aracaju. Quase deputada federal em 2018 e vice-governadora de Valmir de Francisquinho em 2022 (Valmir aparece como segundo colocado nas pesquisas em Aracaju, o homem com maior destaque nessas sondagens). Lidera as pesquisas recentes que foram divulgadas. Espera-se que Emília dirija o recém-criado PRD (Partido da Renovação Democrática), mas também há conversas com o PSDB.

À centro-direita, na aliança do governador Fábio Mitidieri, temos duas delegadas, a deputada federal Katarina Feitosa (ex-vice prefeita da capital) hábil e combativa congressista como tem se mostrado; e Danielle Garcia (candidata que foi segunda colocada em 2020 e muito competitiva para o senado em 2022) carismática, presente, atenciosa e à vontade com a política partidária, Danielle aparece como a melhor colocada no agrupamento do governo, segundo essa pesquisa.

À esquerda temos a ex-vereadora e agora deputada Linda Brasil. Carismática, competente, combativa, firme e babadeira. Fenômeno eleitoral da região metropolitana, decidida e como diria um radialista de nosso estado “pronta, preparada e querendo” disputar a prefeitura de Aracaju. Além de Linda o PSOL Aracaju tem nesse momento a advogada e professora Niully Campos, candidata ao governo em 2022. Eloquente, arretada e incansável. Além dessas duas, o PSOL tem Izadora Britto, que está mo ministério de Márcio Macedo, numa função de articulação com movimentos sociais. Inteligente, articulada, receptiva e incansável militante. Essas três mulheres bem capacitadas disputam a possibilidade de candidatura em Aracaju pelo partido.

Nomes como o de Yandra Moura, filha do ex-deputado André Moura e eleita pela primeira vez também despontam. À vontade com o cargo e circulando pelo estado constantemente. A deputada federal mais votada do estado em 2022, tem um programa de TV numa emissora e ciceroneou um evento do seu União Brasil propondo novos caminhos para Aracaju, ou seja, é candidatíssima.

Eliane Aquino, ex-vice (primeira-dama, prefeita e governadora) e quase eleita para a Câmara Federal em 2022, no Ministério de Desenvolvimento Social e sempre atenta ao que acontece em Sergipe, já disse que topa a parada e agora tem Candisse Carvalho, esposa do senador Rogério Carvalho como concorrente na postulação de ser candidata pelo PT em Aracaju.

As mulheres aqui citadas consolidam que para além de dizer que Aracaju está madura o suficiente para ter uma prefeita, é possível dizer que Aracaju quer ter uma prefeita. Vão continuar assim até o próximo processo eleitoral ou algum homem interessado na disputa assumirá protagonismo? O tempo dirá.

[*] é cientista social, articulista, comunicador político @profchicocompolitica (no instagram) e professor de sociologia da rede estadual

** Dados consultados nos portais da Câmara de Aracaju, da Alese e do UOL eleições.

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