Por Juliano Cesar Faria Souto [*]
O Brasil desperdiça 40% do potencial de suas crianças, de acordo com o Banco Mundial. Isso resulta em impactos econômicos e sociais alarmantes. Se todas as crianças brasileiras desenvolvessem seu pleno potencial e o país atingisse pleno emprego, o Produto Interno Bruto (PIB) poderia ser 158% maior. Essa estimativa destaca que a educação não é apenas um direito fundamental, mas também o motor essencial para o desenvolvimento sustentável.
A China, com seu sistema de planejamento quinquenal, e a Indonésia, com suas reformas descentralizadas, mostram que é possível transformar a educação em um motor de desenvolvimento. Ambas enfrentaram desafios semelhantes aos do Brasil, mas alcançaram avanços notáveis ao priorizar a educação como uma questão estratégica.
No Brasil, apesar dos desafios estruturais, há exemplos exitosos de iniciativas educacionais que impactaram positivamente a economia e os indicadores sociais. Aqui estão alguns casos notáveis:
Ceará: Um modelo de Educação Básica de excelência
Desde 2007, o estado do Ceará implementou políticas voltadas para a alfabetização na idade certa, com foco em resultados de aprendizagem. O Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) envolveu suporte técnico e financeiro aos municípios e incentivos baseados em desempenho.
Os impactos dessa política colocaram o Ceará na liderança dos rankings nacionais de educação básica, com municípios como Sobral alcançando os melhores índices de desenvolvimento da educação básica (IDEB).
Os reflexos econômicos e sociais dessa iniciativa incluem uma redução significativa na evasão escolar e melhorias na formação da mão de obra, gerando maior empregabilidade e competitividade no mercado.
Sobral: transformação educacional
O município foi pioneiro na reorganização da rede escolar, com foco na gestão eficiente e formação de professores. Implementou um sistema de avaliação contínua e acompanhamento pedagógico.
Como resultado, Sobral é referência no IDEB, atingindo nota 9,1 em 2021. E os resultados disso, incluem redução da desigualdade educacional e maior inserção de jovens em universidades e no mercado de trabalho.
Pernambuco: Ensino Médio em tempo integral
O Programa de Educação Integral foi expandido significativamente em 2008, com a criação das Escolas de Referência em Ensino Médio (EREMs), que oferecem ensino em tempo integral.
Com isso, o estado de Pernambuco alcançou o maior crescimento no IDEB do Ensino Médio entre 2005 e 2017, passando de 2,7 para 4,0.
Consequência do investimento na educação de tempo integral, jovens melhor preparados têm ingressado em cursos técnicos e superiores, contribuindo para o aumento da produtividade e empregabilidade local.
São Paulo: Sistema S e Formação Técnica
O sistema S (SESI, SENAI, SENAC) é referência em formação técnica e profissional no Brasil, com foco na qualificação para o mercado de trabalho. São Paulo apostou na parceria e tem colhido os frutos. A formação técnica tem ajudado a reduzir o desemprego juvenil e melhorar os salários dos trabalhadores qualificados.
Outra consequência dessa parceria são que empresas têm encontrado profissionais mais capacitados, aumentando a competitividade econômica do estado.
Piauí: Melhoria no IDEB e redução da pobreza
Programas de formação continuada de professores e incentivo à permanência escolar foram implementados, com foco na qualidade do ensino fundamental. Resultado disso, o IDEB do estado cresceu de forma significativa, destacando-se na evolução da educação pública.
Os reflexos são muitos como a redução da pobreza intergeracional e melhores oportunidades de acesso ao ensino superior.
Educação Profissionalizante no Paraná
No Paraná, os programas como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) foram bem implementados no estado, com parcerias entre escolas técnicas e indústrias locais, a qualificação técnica contribuiu para o crescimento industrial e agrícola no Paraná, gerando empregos e aumentando a renda média. Jovens formados em cursos técnicos têm maior empregabilidade e menor taxa de informalidade.
Esses exemplos mostram que investimentos planejados e consistentes em educação podem transformar indicadores econômicos e sociais, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um dos principais indicadores para medir o desempenho do ensino público no Brasil. Entre 2005 e 2023, estados do Nordeste apresentaram melhorias significativas, impulsionadas por políticas educacionais focadas em resultados, formação docente e investimentos estruturais.
O gráfico acima ilustra a evolução do IDEB em estados como Ceará, Pernambuco, Piauí e Alagoas. Esses avanços e iniciativas, mostrado no texto acima, não apenas melhoram a qualidade de ensino, mas também influenciam diretamente indicadores econômicos e sociais, como empregabilidade e inclusão.
[*] Estanciano, “quase” 61 anos, administrador de empresas e sócio administrador da Fasouto. Presidente do Conselho Fiscal da ABAD, defensor do empreendedorismo e da educação como pilares de transformação social
Referências:
Brasil desperdiça 40% do talento das crianças, diz estudo inédito do Banco Mundial Link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62018496 e https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/07/04/brasil-desperdica-40-do-talento-de-suas-criancas-diz-estudo-inedito-do-banco-mundial.ghtml
