Por Higor Trindade [*]
Por mais que o tempo passe, há políticos que insistem em não escutar o relógio da história. Edvaldo Nogueira, ex-prefeito de Aracaju, é um desses casos emblemáticos. Já ocupou espaço demais no palco político sergipano. Teve suas chances, seus altos e baixos, mas agora é hora de aceitar o que já se tornou evidente: seu ciclo se encerrou.
Nos bastidores da política, corre a informação de que emissários ligados a Edvaldo teriam encomendado uma pesquisa de consumo interno para avaliar a viabilidade de seu nome ao Governo de Sergipe em 2026. Uma tentativa silenciosa – e desesperada – de manter-se relevante em um cenário que clama por renovação. O curioso é que essa movimentação ocorre à revelia de Fábio Mitidieri, atual governador e, até então, tido como aliado político. Se há aliança, por que a tentativa de ofuscar seu principal líder? Ou será que a parceria sempre foi mais conveniente do que verdadeira?
Edvaldo precisa entender que o eleitor aracajuano já deu seu recado nas urnas. Optou por um novo caminho ao eleger a Drª Emília Corrêa, hoje prefeita da capital, rejeitando a continuidade de um projeto que já mostrava sinais de fadiga. O eleitor cansou do “mais do mesmo”. O recado foi claro, direto e democrático: é hora de mudar.
Continuar tentando se manter como protagonista, mesmo quando os holofotes já não o iluminam com a mesma força, beira a vaidade desmedida. Há uma diferença entre ser persistente e ser teimoso. A política sergipana carece de novos quadros, de novas ideias, de lideranças que compreendam os desafios contemporâneos com sensibilidade e coragem. É injusto que nomes históricos ocupem os mesmos espaços indefinidamente, barrando o surgimento de novos talentos.
Edvaldo ainda tem tempo de sair com dignidade. Pode assumir com altivez o fim de sua carreira política, dedicar-se a escrever suas memórias, orientar jovens quadros, contribuir nos bastidores, mas sem a obsessão por cargos eletivos. Ele precisa ser inteligente, interpretar os sinais do tempo e, acima de tudo, respeitar a vontade popular.
A aposentadoria política não é vergonha para ninguém. Ao contrário, é sinal de maturidade e grandeza. Mas para isso é preciso reconhecer a hora certa de sair de cena. E essa hora, Edvaldo, é agora.
Artigo publicado originalmente no site HT Notícias – Edvaldo, saia de cena com dignidade – HT Notícias
[*] Jornalista e analista político
