Fim da Era Edvaldo

Artigo escrito pelo radialista e apresentador da Metropolitana FM, Luiz Carlos Focca

Por Luiz Carlos Focca [*]

Aracaju, a capital sergipana, viveu por mais de uma década à gestão de Edvaldo Nogueira, prefeito por quase 14 anos, o que configura não apenas uma longa administração, mas também a perpetuação de um ciclo político que, embora bem estruturado, trouxe consigo uma série de desafios não resolvidos.

Sob o comando de Edvaldo, a cidade experimentou uma estabilidade política proporcionada pela força do agrupamento político ao qual sempre estava atrelado. Não podemos negar que a era Edvaldo começou na sombra de Marcelo Déda, ex-governador de Sergipe, cujo apoio político foi fundamental para a consolidação de seu nome na Prefeitura. A parceria entre ambos criou uma máquina política imbatível, garantindo vitórias sucessivas. No entanto, o que parecia uma aliança estratégica, com o tempo, revelou-se uma dependência excessiva de forças externas à gestão municipal, João Alves Filho quebrou isso em 2012 por conta da rejeição da administração de Edvaldo e Déda. Quando Déda faleceu, Edvaldo viu-se, muitas vezes, perdido, sem a mesma articulação e liderança política que seu antecessor proporcionava, no entanto, Jackson e Edvaldo souberam usar bem a imagem do saudoso nas eleições, até Belivaldo colocou Eliane como vice em 2018.

Durante sua gestão, Edvaldo foi acusado, por muitos, de promover uma verdadeira dominação política, com um estilo centralizador e com pouca abertura para novas forças políticas, em 2020 Edvaldo se viu ruim nas eleições, André Moura e Fábio Mitidieri foram fundamentais para a vitória naquele momento. Seu agrupamento político, que lhe garantiu a vitória, tornou-se um emaranhado de alianças. Ao invés de uma gestão aberta ao diálogo e à diversidade de ideias dentro do próprio grupo político, vimos um gestor sem diálogo e os espaços de decisão se fechavam para aqueles que não estivessem alinhados ao seu projeto, conhecida como a turminha de Edvaldo, Jeferson, Waneska, Luiz, Sérgio e vários outros.

Outros ponto que sempre foi motivo de orgulho para Edvaldo foi a questão financeira. O ex-prefeito se vangloriava de deixar um cofre cheio ao fim de sua gestão, com milhões em caixa. Isso, no entanto, deveria ser motivo de questionamento, e não de celebração. Afinal, qual é a verdadeira importância de ter dinheiro sobrando na conta de uma prefeitura, enquanto a população luta com problemas como a fome, a falta de assistência médica e a precariedade dos serviços públicos?

Se Edvaldo realmente se orgulha de ter deixado dinheiro em caixa, ele deveria se orgulhar de ter usado esse dinheiro para acabar com a fome de tantos cidadãos que ainda enfrentam dificuldades para colocar comida na mesa. Deveria ter se orgulhado de ter investido recursos para garantir que nenhuma família de Aracaju passasse por essa situação desumana. Afinal, o que é mais importante: um saldo bancário ou a dignidade das pessoas?

Agora que a “era Edvaldo” chega ao fim, é impossível não questionar qual legado ele deixa para a cidade. Embora tenha sido um prefeito que, de certo modo, evitou grandes crises, sua administração se caracterizou por uma falta de grandes feitos. Não houve grandes transformações ou projetos que mudassem o rumo da cidade para as próximas décadas. A impressão que fica é que Aracaju foi administrada de forma segura, mas sem grandes ambições. Edvaldo conseguiu manter a máquina em funcionamento, mas a cidade ainda é marcada pela desigualdade social, problemas estruturais e uma economia que não avança de forma suficiente para competir com outras capitais nordestinas. Os avanços econômicos nos últimos anos são frutos das ações dos Governos Belivaldo e Fábio. Fato!

Com o fim da era Edvaldo, Aracaju precisa de renovação. A cidade está pronta para novas lideranças, que saibam olhar para o futuro e, mais importante, que saibam aproveitar as oportunidades que o mundo moderno oferece. É hora de Aracaju dar espaço para novas ideias, projetos ousados e uma gestão mais eficiente e inclusiva.

Que o fim da era Edvaldo seja, então, o marco de uma nova era, de mais progresso, de mais participação popular e, sobretudo, de mais respeito às reais necessidades da população. Com o resultado das últimas eleições, a cidade limpou o modelo Edvaldo de Governar, mas ele não fez a sua parte. Emília precisará limpar.

[*] Radialista e âncora da Rádio Metropolitana FM do Grupo Atalaia de Comunicações

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