Limitar os pagamentos com cartão é travar o consumo dos mais pobres

Artigo escrito pelo jornalista e cientista econômico Márcio Rocha

Por Márcio Rocha [*]

Com a recente sugestão dos bancos para limitar o pagamento parcelado no cartão de crédito, me desperta preocupação acerca do impacto que essa medida terá sobre o consumo, principalmente das famílias mais pobres. Essa restrição poderá gerar uma queda significativa no volume de vendas no varejo, o que será prejudicial para a economia do país.

Uma das principais razões para essa preocupação é o fato de entender que no Brasil muitas pessoas não conseguem arcar com os custos de compras à vista, devido à baixa renda da maioria da população. Com isso, a opção de parcelamento no cartão de crédito tem sido uma alternativa viável para muitos consumidores. No entanto, com a limitação das parcelas, os consumidores terão menos opções de pagamento e, consequentemente, reduzirão o consumo.

Além disso, um fator que agrava ainda mais a situação é a alta taxa de juros no país. As famílias mais pobres são as mais afetadas, já que muitas vezes não conseguem obter crédito em condições favoráveis. Essa dificuldade de acesso ao crédito faz com que os consumidores sejam obrigados a optar pelo pagamento parcelado, mesmo diante das altas taxas de juros.

A inclusão de juros nas compras parceladas é outro fator limitador para os consumidores. Muitas vezes, o valor dos juros pode ser tão elevado que acaba sufocando o orçamento das famílias, levando à inadimplência e, consequentemente, ao prejuízo de comerciantes e lojistas.

Diante desse cenário, é importante que sejam encontradas soluções que possam equilibrar a situação, para que a economia não seja afetada de forma significativa. As medidas que visam tornar o crédito mais acessível e com taxas de juros mais justas são sempre bem-vindas. É necessário que as autoridades governamentais e os órgãos de defesa do consumidor estejam atentos à situação e tomem as medidas necessárias para garantir a manutenção do consumo, sobretudo para as famílias mais pobres.

Portanto, é evidente que a limitação do pagamento parcelado no cartão de crédito, sugerida pelos bancos, poderá afetar negativamente a economia do país, dificultando o consumo para muitas pessoas. É preciso que haja uma análise mais profunda sobre os possíveis efeitos dessa medida, e que sejam tomadas ações que equilibrem essa situação, não prejudicando o varejo e garantindo o poder de compra das famílias brasileiras.

[*] é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa

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