“Nosso projeto é real, e aposto nele todos os dias para consolidar uma candidatura viável e sólida”, afirma Emanuel Cacho sobre sua pré-candidatura a governador

O pré-candidato a governador disse que a oposição precisa de gente com posições firmes. Confira a entrevista

Por Uilliam Pinheiro

Em entrevista ao site O Caju Notícias, o advogado Emanuel Cacho, pré-candidato a governador, fala da construção do seu projeto de candidatura ao Governo de Sergipe, avalia que a gestão Fábio ainda não chegou na população, conta bastidores da formação da chapa nas eleições 2022, e que a oposição precisa de gente com posições firmes.

Emanuel Cacho quer ser um alternativa ao governador Fábio Mitidieri e diz que boa parte da classe política está mais preocupada com seus próprios interesses do que com questões que realmente importam à população sergipana. Cacho já atuou como ex-secretário de Estado da Justiça de 2003 a 2006 no Governo João Alves.

Confira a entrevista na íntegra:

O Caju Notícias – Numa confraternização do grupo Café com Política, o senhor colocou seu nome à disposição para concorrer ao cargo de governador. O que o motivou a isso?

Emanuel Cacho – Aquela foi uma das melhores confraternizações do grupo de jornalistas, blogueiros, publicitários e pessoas interessadas em discutir pautas políticas. Os debates foram acalorados e descontraídos, marcados por fortes posicionamentos, sejam convergentes ou divergentes.

As discussões políticas fluíam naturalmente, e o principal tema era a dificuldade de se formar uma oposição ao atual governador, Mitidieri, nas eleições de 2026. Muitos deputados estaduais eleitos como oposição migraram para a base do governo. Hoje, restam apenas três ou quatro deputados na oposição real. Os políticos do estado estão mais preocupados com seus próprios interesses do que com questões que realmente importam à população sergipana, como a desativação das plataformas da Petrobras no estado, a destruição do patrimônio histórico e cultural dos prédios públicos, e a favelização do centro de Aracaju. Estamos apagando a memória cultural do estado e minando a autoestima da sergipanidade.

Já vinha amadurecendo a ideia de voltar ao cenário político do estado, reativar antigas parcerias e construir novas alianças, na tentativa de resgatar uma política de decisão e coragem — como a que representava o ex-governador João Alves Filho, que se lançava candidato para ganhar ou perder, mas nunca frustrava seus eleitores com conchavos inexplicáveis como os chamados “acordões”, que uniam esquerda, direita e centro sem qualquer pudor ideológico.

O Caju Notícias – Em entrevista ao jornalista Narcizo Machado, da FAN FM, o senhor disse que o governador caminha para vencer por WO. O que o leva a fazer essa leitura?

Emanuel Cacho – Esse cenário político já vem sendo desenhado, e qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade política consegue perceber isso. No final do ano passado, vimos a liberação de recursos para as prefeituras justamente no apagar das luzes da venda da DESO. Prefeitos em fim de mandato ou recém-reeleitos receberam verbas extras, que foram gastas ao bel-prazer dos próprios interesses. Acredito que, num futuro próximo, muitos terão de prestar contas por eventuais desvios de finalidade.

O Caju Notícias – Qual a sua avaliação da administração do governador Fábio Mitidieri?

Emanuel Cacho – Avalio a gestão de Fábio como razoável, com resultados que talvez não correspondam às expectativas. Nos últimos anos, os governos contraíram empréstimos vultosos para investimentos cujos efeitos se perderam com o tempo. Não se percebe inovação na vida financeira do estado, nem na vida das pessoas. Faltam novos polos industriais, investimentos robustos, entre outras ações estruturantes. A única coisa positiva é que Sergipe se tornou atrativo para aposentados que buscam qualidade de vida — um reflexo da tranquilidade e hospitalidade do nosso povo.

O Caju Notícias – O senhor já definiu por qual partido irá concorrer às eleições?

Emanuel Cacho – Sou filiado ao PL, mas tenho conversado com diversos setores da política, tanto estadual quanto federal. Os partidos menores estão nas mãos de pessoas com pouca ou nenhuma ideologia, que visam apenas à formação de “chapinhas” para eleger deputados estaduais e promover interesses pessoais. Já os grandes partidos estão formando federações que acabam limitando o surgimento de novas lideranças. Muitos funcionam como “balões de negócios”, controlados por empresários que não almejam cargos, mas veem na política uma forma de gerar lucros. A mercadoria é o povo e seu voto. Mas o pior produto são os novos políticos que se dizem oposição durante a campanha e, depois de eleitos, aderem ao poder com impressionante rapidez.

O Caju Notícias – Na sua opinião, o que falta à oposição?

Emanuel Cacho – Falta gente com posições firmes, que respeite os eleitores que confiaram neles por acreditarem em sua honestidade e sinceridade. O que temos visto é um cinismo persistente, que tomou conta da política brasileira desde a eleição do “Baixo Clero” na Câmara dos Deputados, com Severino Cavalcante em 2005 e, depois, Eduardo Cunha em 2015. Essas figuras inauguraram uma política baseada em dinheiro e negociatas, o que mergulhou o Brasil numa sucessão de escândalos.

O Caju Notícias – O senhor recuaria caso surgisse outro nome de oposição ou sua pré-candidatura é irreversível?

Emanuel Cacho – Estamos em pré-campanha para 2026. Até o momento, não vejo movimentos relevantes na política que nos tragam esperança de uma disputa equilibrada. Nosso projeto é real, e aposto nele todos os dias para consolidar uma candidatura viável e sólida.

Aproveito para lembrar um episódio da eleição passada. Era uma sexta-feira, início de 2022, e estávamos almoçando com amigos no restaurante Sollo, na Aruana, quando chegou a diretoria estadual do PL e se juntou à nossa mesa. O líder deles disse: “Decidimos lançar Valmir de Francisquinho como candidato a vice-governador na chapa de Fábio Mitidieri ou de Rogério Carvalho, dependendo do desempenho nas pesquisas.” Como nunca me omito, retruquei: “Não existem mais políticos de coragem em Sergipe. Ainda falta quase um ano para as eleições. Vocês vão colocar Valmir numa fria. Ele será cozinhado em banho-maria e, quando a temperatura subir, será frito e descartado em seis meses.”

Todos ficaram espantados. O presidente do PL, percebendo meu ponto, decidiu: “Cacho, você pode ir para Itabaiana na segunda-feira? Coordene com Valmir e o prefeito Adailton o lançamento da candidatura ao governo.” E assim foi feito. Em três meses, Valmir já despontava nas pesquisas, empatado com Mitidieri e Rogério. Acredito que, em determinado momento, faltou humildade por parte de Valmir e da direção do PL para realinhar estratégias e superar os obstáculos unidos.

Quanto à possibilidade de compor com outros segmentos da oposição, estou aberto ao diálogo — desde que seja para formar um grupo forte e determinado para disputar as eleições de 2026.

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