O drama do Guajará: um bairro esquecido pelo poder público

O Guajará não pede luxos. Pede o básico: o direito de ir e vir, de viver com segurança e de ter sua dignidade reconhecida e respeitada

Por Uilliam Pinheiro

Nos últimos 20 anos, a cidade de Nossa Senhora do Socorro desfruta de uma expansão urbana, contudo existem bairros que, inexplicavelmente, são deixados à margem do desenvolvimento e dos olhares do poder público municipal. O bairro do Guajará é um desses bairros, um símbolo vivo de promessas não cumpridas e da omissão do poder público.

Com mais de 30 anos de espera, o Guajará se transformou em um verdadeiro retrato do abandono. As ruas de terra, que a cada chuva se transformam em lamaçais intransitáveis, são apenas uma das consequências da falta de infraestrutura. A deficiência no sistema de drenagem agrava o cenário, transformando vias em verdadeiros rios improvisados.

Mas não é apenas às péssimas condições das ruas que preocupam os moradores. Os relatos são claros: a falta de pavimentação tem reflexos muito além da questão da mobilidade. Ônibus do transporte público, atolados na lama, frequentemente não conseguem trafegar em todo o Anel Viário do bairro, obrigando os moradores a caminhadas exaustivas e longas a fim de acessar o transporte público para se locomover ao trabalho.

As condições precárias das ruas desencadeou outra preocupação alarmante: o aumento da violência e dos assaltos, tornando as ruas do bairro verdadeiras armadilhas para aqueles que ousam andar após o anoitecer. Sem condições de tráfego e com a baixa iluminação pública, as rondas policiais não conseguem ser executadas em toda a extensão do bairro, consequentemente o bairro torna um lugar fértil para a criminalidade e o tráfego de drogas. Nos últimos meses, vários assaltos e homicídios ocorreram no bairro do Guajará.

Apesar de todos os desafios, a comunidade do Guajará não permanece silenciosa. Manifestações, ocupações e bloqueios de rodovias, como a BR 101, são a voz coletiva de um povo que clama por direitos básicos e dignidade. Fruto das manifestações dos moradores foi instalado um processo judicial movido pelo Ministério Público buscando obrigar a prefeitura de Nossa Senhora do Socorro a realizar a pavimentação das ruas do bairro do Guajará. Outra estratégia utilizada pelos moradores em busca por melhores condições de vida são os convites à imprensa que fazem reportagens quase semanalmente jogando luz sobre a situação, entretanto, a resposta do poder público tem sido tímida e insuficiente.

A atual gestão, sob o comando do prefeito Inaldo, tem em suas mãos o poder e a responsabilidade de reverter este cenário. A gestão de Inaldo já recebeu R$ 1 milhão para início da pavimentação do Anel Viário, fruto de uma emenda do senador Alessandro Vieira (MDB). Também o ex-deputado federal, Fábio Henrique (União Brasil), quando estava no mandato, disponibilizou recursos para pavimentação de ruas no bairro do Guajará. Contudo, mesmo com a disponibilização dos recursos, o prefeito Inaldo pouco fez em termos de obras de infraestrutura no bairro.

O governador Fábio Mitidieri já se pronunciou sobre a problemática do Guajará e colocou o Governo do Estado à disposição para ajudar a fazer as obras de infraestrutura no bairro, contudo aguarda a prefeitura de Nossa Senhora do Socorro entregar o projeto de engenharia com o custo estimado das obras. O tão esperado projeto de engenharia do Anel Viário do Guajará para apresentar ao governador, permanece, até o momento, somente na expectativa, sem nenhuma previsão de entrega por parte da gestão do prefeito Inaldo.

O Guajará não pede luxos. Pede o básico: o direito de ir e vir, de viver com segurança e de ter sua dignidade reconhecida e respeitada. O bairro, com sua resiliência e história, merece mais do que palavras e promessas – merece ações concretas. E a hora da gestão do prefeito Inaldo agir é agora.

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