Luiz Eduardo Oliveira [*]
Estamos diante de alguns acontecimentos que merecem reflexão em nosso Estado, uma capitania criada durante a União Ibérica, lá pelos idos de 1590. O serviço público disponibilizado à população passa pelo processo de administração de uma nova gestão e com ele as possibilidades de efetividade são renovadas.
Primeiramente, temos que entender que a responsabilidade pelo Estado de Sergipe é de competência dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário e para isso a nossa constituição estadual, de 1989, convocou o Ministério Público para realizar a fiscalização no cumprimento dos preceitos constitucionais, porém o principal sujeito dessa relação é sempre o cidadão, pois para ele todos os poderes existem e passam a fazer sentido.
Segundo, as administrações anteriores, com seus erros e alguns acertos, já passaram, temos que olhar para o presente e para o futuro. Seus atos e omissões podem ser objeto de persecução penal e civil pelos órgãos competentes.
Muitos são os problemas que enfrentamos e para mencionar alguns, temos os recorrentes: saúde, educação, segurança e transporte.
Os passos iniciais foram dados, secretários e demais gestores já estão apostos e cientes dos problemas e detêm as prováveis estratégias de enfrentamento. Assim esperamos.
Em visita por cidades sergipanas, gostaria de começar por um assunto que é de extrema importância para a saída de nosso atraso e da exposição à morte na qual estamos vulneráveis todos os dias, as nossas rodovias estaduais. Uma grande parte em péssimas condições: sem sinalização, sem acostamento e repletas de buracos. Por elas circulam, todos os dias, profissionais da saúde, da educação, segurança pública, servidores públicos, membros dos poderes e, principalmente, cidadãos comuns.
Existem rodovias que necessariamente precisam ser duplicadas a exemplo da rodovia que liga as cidades de Simão Dias, Lagarto e Salgado em direção à Aracaju. A BR 270, rodovia Lourival Batista, abriga além de cidades importantes economicamente, em breve será a base do Hospital do Amor, um projeto ousado e que colocará Lagarto e, consequentemente Sergipe, como referência em saúde e no tratamento oncológico, em nível mundial, pois o referido hospital segue o modelo de administração implementado na cidade do Barretos/SP. Muito temos a aprender em termos de administração.
Outras rodovias precisam urgentemente de duplicação como a BR 175 e 235 que ligam municípios como Itabaiana Ribeirópolis e Nossa Senhora da Gloria à Aracaju, passando por Nossa Senhora do Socorro. Isso é estratégia de desenvolvimento.
Outra BR a SE- 065, que liga São Cristóvão à Aracaju é necessária pela viabilidade do turismo histórico e religioso. Além de restabelecer São Cristóvão como importante polo industrial. Poderíamos pensar, inclusive, em redirecionar o aeroporto Santa Maria.
A BR 101 continua sem duplicação em uma parte do nosso Estado, mais uma vergonha nacional e que nos coloca diariamente em contato com a morte.
O centro de nossa cidade de Aracaju é outro motivo de alerta, pois a administração municipal tem se mostrado ineficiente para elevar nossa cidade como referência estadual. Prédios históricos continuam abandonados e sujeitos ao desabamento: Hotel Palace, prédio do INSS, sede da prefeitura municipal, prédio do Ministério da Fazenda onde funcionou a Procuradoria da Fazenda, etc. Até quando? Toda a fachada dos calçadões das ruas Joao Pessoa e Laranjeiras está encoberta por uma parafernália de anúncios e por uma gambiarra de fios sem qualquer ação da empresa ENERGISA/SE, uma das principais empresas privadas do setor elétrico do país. O centro merece respeito, nós, cidadãos, merecemos respeito. É nossa história, nossa referência, nossa identidade sendo destruídas propositadamente. É crime.
Nosso esgotamento sanitário dá sinais claros de pedido de socorro, é preciso pensar em saneamento básico como um importante aliado da saúde de nossa população pois uma série de enfermidades poderiam ser prevenidas com investimento neste setor. Com as chuvas, mesmo que poucas e esporádicas, no verão, no outono e na primavera, podemos sentir imediatamente o quanto estamos fragilizados. Não adiante culpar os fenômenos naturais, temos como agir. Estamos aterrando várias lagoas às margens da avenida Melício Machado sem qualquer fiscalização dos órgãos responsáveis. A lagoa do Tamandaré está condenada à norte e há um órgão fiscalizador em frente. O mangue pede socorro. O processo ocorre há vários anos e a omissão também.
Poderíamos discutir sobre saúde, sobre educação e sobre segurança pública? Claro, que sim. Vamos aguardar, mais um pouco, as estratégias e as ações do atual governo pois há indícios de boa vontade e de preparo técnico dos gestores convocados para a árdua tarefa que é colocar Sergipe no caminho da saída da vulnerabilidade e da apatia econômica que nos encontramos.
[*] Doutor em Saúde e Ambiente