Os calcanhares de Aquiles de André Moura que podem impedi-lo de chegar ao Senado

O ex-deputado federal vislumbra o Senado, mas o caminho não será fácil

Por Uilliam Pinheiro

O ex-deputado federal e presidente estadual do União Brasil, André Moura, sonha em chegar à Casa Alta e, para isso, se prepara para disputar, mais uma vez, uma cadeira no Senado nas eleições de 2026. Em 2018, quando era franco favorito, devido à sua enorme estrutura financeira e a um amplo grupo político, viu a vitória escapar para o novato delegado Alessandro Vieira, então filiado à Rede, e para o petista Rogério Carvalho.

Ter um partido grande, um amplo grupo político, estrutura e habilidade são elementos necessários para disputar uma cadeira no Senado, e André Moura dispõe desses elementos. Entretanto, para se tornar senador em 2026, o ex-deputado federal terá que superar dois grandes calcanhares de Aquiles, que têm freado seu ímpeto de alçar voos mais altos na política sergipana.

O primeiro calcanhar de Aquiles de André Moura é sua alta rejeição em Aracaju, cidade que concentra quase 30% do eleitorado sergipano. E quem comprova esse argumento são as urnas. Em 2018, mesmo com toda a estrutura, recursos, uma ampla frente de apoios e o favoritismo, André Moura ficou em 6º lugar na capital, com 30.204 votos (apenas 6,22%), atrás da psolista Sônia Meire. Já na eleição de 2022, impedido de concorrer por questões jurídicas, lançou sua filha como candidata, adotando o nome “Yandra de André” — aproveitando a estrutura e os apoios já consolidados. Embora tenha conseguido elegê-la como a deputada federal mais votada do estado, seu desempenho em Aracaju foi fraco, ficando em 7º lugar, com 13.629 votos, atrás de Nitinho e Luiz Roberto, que não foram eleitos.

Em 2024, tentando superar a alta rejeição ao seu nome, André lançou sua filha, Yandra Moura, na disputa para se tornar a primeira prefeita de Aracaju. A intenção era utilizar o poderio da máquina administrativa da capital para pavimentar seu próprio caminho ao Senado. No entanto, mais uma vez, o eleitorado aracajuano demonstrou resistência ao sobrenome Moura. Yandra ficou em terceiro lugar e não conseguiu avançar para o segundo turno, apesar do volume de dinheiro nunca antes visto numa eleição em Aracaju.

O segundo calcanhar de Aquiles — e talvez o mais grave, impactando diretamente o primeiro — é sua imagem vinculada à corrupção. Após um acordo com o STF, conseguiu reverter sua inelegibilidade, mas a percepção do eleitorado é de que o ex-deputado tem envolvimento com escândalos políticos. Esse fator foi amplamente explorado na campanha do ano passado, quando sua filha concorreu à Prefeitura de Aracaju. Os processos judiciais e a associação a casos de corrupção afastam parte do eleitorado, sobretudo aqueles que buscam renovação e transparência na política. Mesmo sendo um hábil articulador, essa imagem negativa já impactou seus resultados eleitorais anteriores, principalmente na Grande Aracaju, e continuará sendo um obstáculo, caso não haja uma estratégia eficaz para reduzir os danos.

André Moura vislumbra o Senado, mas o caminho não será fácil. O desafio está posto, e o desfecho dependerá de sua capacidade de adaptação e convencimento.

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