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Política, redes sociais e eleições – novas possibilidades e velhas necessidades

Artigo escrito pelo professor Francisco Emanuel

Por Francisco Emanuel Silva Meneses Alves [*]

No Brasil nós temos eleições de dois em dois anos, mas nunca se deixa de fazer política partidária e como brasileiros que somos é depois do Carnaval que o ano começa.

Neste ano teremos eleições municipais. Escolheremos vereadores e prefeitos dos nossos municípios. É nos municípios que o cotidiano acontece. Onde vamos aos postos de saúde, às festas laicas ou não, às creches, escolas, CRAS, CAPS, etc.

Em breve teremos janela partidária para os vereadores mudarem de partido sem o risco da perda do mandato e desde sempre já temos os pré-candidatos pra cima e pra baixo com os atuais prefeitos aparecendo para a população. Numa época em que as novas mídias sociais protagonizam desde a pretensão de eliminar as intermediações entre políticos e eleitores até os debates, os informes e as prestações de contas temos de fato uma propaganda permanente.

Uma conversa sobre eleições apesar de ser necessário pontuar que muitas perguntas podem tornar o diálogo chato tem que passar por uma série de questionamentos sem dúvida alguma.

Alguns deles são:

Você lembra em quem votou pra prefeito ou vereador em 2020?
Você consegue acompanhar seus perfis nas redes sociais e suas intervenções na imprensa (principalmente rádio e televisão)?
Na tua cidade também tem dois grupos que se revezam no poder há umas quatro décadas? Você acha isso saudável? Pensa em construir uma alternativa? Tanto faz?
Você acha que tanto faz é uma expressão saudável na política?
Você conhece a biografia de alguém em quem já votou? E de quem pretende votar?
Você sabe o que é o portal da Transparência ou o Diário Oficial do teu município?
A tua vereadora “é Lula ou Bolsonaro”? E a tua prefeita?
O secretariado do atual mandatário da tua cidade trabalha bem? Tem parentes do prefeito? Isso é legal?
Tem saneamento na tua rua? Tem calçamento? E iluminação?
Tem médicos no posto? E remédios?
O que disse o último censo sobre a tua cidade?
Você tem emprego? Tem alguém desempregado na tua família?
Como o atual mandatário lidou com a pandemia de Covid-19?
Teu agente de saúde te visita com frequência?
Você se sente seguro na tua cidade?
Há denúncias de irregularidades ou mau uso de dinheiro público relacionado aos representantes eleitos da tua cidade?
Quais são os projetos em pauta na casa legislativa? Teu vereador apresentou o que nos quatro anos?
Como vai a assistência social do teu município?
Há escolas e creches para as crianças da tua região?
Não conseguiu acompanhar a produção legislativa porque nem sabia o que era isso ou tem coisas mais imediatas pra fazer?
O partido (os) da tua vereadora é prefeita tem boas ideias?
Como atua a oposição no teu município?
Há oposição constituída no teu município?
A tua cidade tem políticas para a diversidade de gênero e orientação sexual?
Você acha importante que mais grupos vulnerabilizados socialmente ocupem posições de poder?
Como o teu representante se comunica com a população da cidade?
Como os órgãos de controle (controladoras e tribunais de contas) avaliam a administração da tua cidade?
E se boa parte dessas perguntas pode ser respondida com um não. Porque então você não constrói canais digitais de comunicação das demandas da tua coletividade?

Pois bem, nosso esforço de agora em diante precisa ser também dar ciência à população da possibilidade de acompanhar as ações (ou a falta delas) de nossos representantes eleitos e elogiar e cobrar sempre que necessário.

Sabe aquela foto do prefeito da praça que ele inaugurou? Comenta lá que na tua rua não tem nem calçamento. Posta nos teus stories do instagram e marca o radialista e não esqueça de enviar pelo chat do perfil oficial do prefeito e da prefeitura.

Sem querer sem Policarpo nesse meu emaranhado de letras e interrogações eu só quero deixar claro que “quem tem boca vaia Roma” e precisamos usar as redes sociais a nosso favor na medida do possível sem fake news e discurso de ódio para dar visibilidade às demandas de nossas comunidades e classes sociais.
Será que isso é possível? Tentemos.

*É cientista social, articulista, comunicador político @profchicocompolitica (no instagram), idealizador do projeto “A democracia vai à escola: um diálogo entre a juventude e os poderes da República” e professor de sociologia da rede estadual de Sergipe

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