Por Uilliam Pinheiro
O Partido dos Trabalhadores (PT) em Sergipe enfrenta um momento de fragilidade, e até de desespero, em busca por uma chapa majoritária que lhe permita viabilidade para a disputa de uma das vaga ao Senado nas eleições de 2026. Desde a perda de lideranças consolidadas como José Eduardo Dutra e Marcelo Deda, o partido tem perdido protagonismo eleição após eleição.
Sem um nome próprio com força suficiente para encabeçar uma candidatura majoritária, o PT de Sergipe se vê na necessidade de se aliar a projetos políticos, alguns até contraditórios, que tenham reais chances de vitória. Essa movimentação evidencia o momento apático do partido, que tenta se rearticular dentro de um cenário pragmático, e nada programático.
Os dois principais nomes do PT sergipano, o senador Rogério Carvalho e o atual Secretário-Geral da Presidência, Márcio Macedo, disputam internamente a preferência da legenda para serem os candidatos ao Senado.
Rogério Carvalho, em entrevistas recentes, tem sinalizado um desejo pela candidatura de Valmir de Francisquinho ao governo estadual. O problema aqui reside na situação jurídica de Valmir, que atualmente está inelegível para disputar as eleições de 2026, além de ser filiado ao PL, partido adversário nacionalmente do PT. Mas, o senador Rogério quer porque quer Valmir candidato a governador, e para isso tem feito uma movimentação em Brasília para que o prefeito de Itabaiana assumisse o MDB, o que abriria espaço para a desejada aliança. Contudo, essa estratégia esbarra em um obstáculo significativo: o MDB no estado tem como figura central o senador Alessandro Vieira, cujo peso político supera de longe o de Valmir ou mesmo de seu filho, o deputado federal Ícaro de Valmir.
No plano alternativo, Rogério Carvalho não descarta a possibilidade de diálogo com o governador Fábio Mitidieri, mesmo que isso signifique um ajuste pragmático em relação à atual composição política. O desejo de Rogério de assegurar uma aliança que ofereça estrutura e votos é claro, ainda que precise negociar com um campo, que outrora, tenha sido um adversário ferrenho.
Por outro lado, Márcio Macedo também almeja ser o candidato ao Senado pelo PT e tem direcionado seus esforços para construir pontes com a base governista de Fábio Mitidieri. Ele entende, mesmo que não tenha dito publicamente, que compor com com o governador Fábio Mitidieri é o melhor cenário para o PT. No entanto, sua dificuldade maior reside no fato de ser minoria dentro do PT sergipano, o que o coloca em uma posição delicada para convencer o partido a abraçar seu projeto.
Uma terceira via que tem ganhado espaço nas discussões de bastidores é tentar convencer o ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a assumir o protagonismo como candidato a governador. Edvaldo, que é presidente estadual do PDT e sempre sonhou em governar o Estado, poderia liderar uma chapa majoritária de um partido aliado ao governo Lula. Essa alternativa, além de trazer Edvaldo de volta ao campo progressista, poderia representar uma tentativa de reorganização das lideranças da esquerda em Sergipe, com o apoio direto do presidente Lula, que é um dos cabos eleitorais mais valioso no país, ao lado do ex-presidente Bolsonaro.
Esses cenários deixam evidente o momento de fraqueza em que o PT de Sergipe se encontra. Anteriormente, o partido que liderava o processo eleitoral, hoje busca se anexar dentro de um grupo político para ser rebocado e ter chances de eleger senador e deputados federais no estado.