Márcio Rocha [*]
Descomplicando a economia de forma direta, não. O momento atual não é favorável para a compra de um carro novo no Brasil. Isso se deve a uma combinação de fatores que tem elevado os preços dos veículos, dificultando a produção e aumentado os custos para os consumidores. Entre os fatores estão a alta carga tributária, a crise dos semicondutores e a elevação do preço dos insumos.
A carga tributária sobre os carros é muito alta no Brasil, prejudicando tanto a produção quanto a compra. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria, cerca de 50% do preço final do veículo é composto por tributos. Essa carga tributária é uma das razões pelas quais os carros são tão caros no país, afetando diretamente o poder aquisitivo dos consumidores. Pois o carro que supostamente deveria ser popular, que custava R$ 39 mil no ano de 2019, em 2022 deu um salto absurdo no seu preço e hoje não é encontrado por menos de R$ 70 mil.
A crise dos semicondutores, ainda um resquício da pandemia da COVID-19, também tem afetado a produção de veículos. Os semicondutores são peças fundamentais para a fabricação de carros, pois são usados em sistemas eletrônicos como sensores, sistemas de segurança, entre outros. A falta dessas peças tem afetado produções ao redor do mundo, e a escassez tem afetado a oferta de carros no mercado, resultando em preços mais altos.
Por fim, o aumento do preço dos insumos tem afetado toda a cadeia de produção de carros. O aumento do preço do aço e do alumínio, por exemplo, afeta diretamente o preço final dos veículos, pois esses materiais são usados para fabricar a carroceria. O aumento do aço, principalmente, elevou muito o preço final dos veículos. Além disso, a variação do preço dos combustíveis e do frete também afetam o custo final do carro, pois com gasolina chegando a valores próximos a R$ 7, como aconteceu recentemente, caindo para a casa dos R$ 5, e voltando a subir, fica difícil para as famílias com menor poder aquisitivo, saber se conseguirão custear essa despesa.
Com todos esses fatores em jogo, o consumidor tem sido forçado a pagar preços altos pelos carros. É importante lembrar que, além do preço de compra, os custos de manutenção também são altos no Brasil, o que aumenta ainda mais os gastos com um carro novo. A indústria automobilística está com grande volume de carros novos em estoque e paralisou as atividades de produção, devido à quantidade de veículos parados nos pátios das montadoras. Processos de desova de estoques estão acontecendo, com várias ofertas a preços melhores que no ano passado. Entretanto, com o custo das operações de crédito e financiamento elevado, o consumidor que faz a compra tem pagado muito mais caro nas prestações mensais.
Em resumo, a compra de um carro novo no Brasil no momento atual apresenta grandes desafios. A combinação de carga tributária alta, crise dos semicondutores e aumento do preço dos insumos tem afetado diretamente o bolso do consumidor. Por isso, é importante avaliar cuidadosamente se a compra de um carro é realmente necessária e se há opções mais econômicas no mercado. O mercado de carros usados (essa conversa de seminovo é só para chamar cliente) sofreu um aquecimento muito forte nos anos de 2021 e 2022, também elevando o preço dos veículos durante um tempo, mas que do meio do ano passado para cá apresenta descenso.
[*] é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa