Por Juliano Cesar Faria Souto [*]
Após ter escrito a reflexão: “Sem projeto nacional estruturado, Brasil segue enfrentando dificuldades pra alavancar seu potencial” gentilmente publicado pelo site https://jlpolitica.com.br, fui provocado pelo jornalista Uilliam Pinheiro, responsável pelo site www.ocaju.com.br, para que, de forma objetiva, apresentasse alternativas, sugestões a esse projeto nacional. Assim, ao final das férias, lembrei-me do tema ENSINO EM TEMPO INTEGRAL, que já venho abordando em outras oportunidades como o primeiro, mais rápido e eficaz Projeto Nacional para o país.
Sem um projeto nacional estruturado, o Brasil enfrenta dificuldades para alavancar seu imenso potencial. A educação pode ser a primeira medida concreta para unir o país em um pacto que transcenda divisões políticas, econômicas e sociais. De norte a sul, da direita à esquerda, envolvendo jovens e idosos, empresários e trabalhadores, a educação é o elo capaz de catalisar mudanças profundas e duradouras.
Este texto reflete sobre como a educação em tempo integral, associada a iniciativas locais e nacionais, pode ser a base para um projeto de nação, capaz de reduzir desigualdades, melhorar indicadores sociais e fortalecer a economia.
A educação é mais do que um direito fundamental. Ela é a ferramenta mais poderosa para reduzir desigualdades e promover o crescimento sustentável. O Brasil, infelizmente, ainda enfrenta um cenário desafiador, marcado por altos índices de evasão escolar, baixa qualidade no ensino e a existência de uma geração “nem-nem” — jovens que nem estudam, nem trabalham. Esses fatores resultam em uma enorme perda de potencial humano e econômico, perpetuando ciclos de desigualdade.
A proposta de educação em tempo integral, do maternal à faculdade, representa um caminho viável para romper esses ciclos. Mais do que oferecer ensino, essa abordagem busca criar um ambiente seguro e estimulante, onde crianças e jovens possam desenvolver habilidades acadêmicas, práticas, esportivas e sociais, enquanto recebem suporte alimentar e de saúde.
E por que a educação em tempo integram obrigatório é uma excelente alternativa de Projeto Nacional para o país? Primeiro, trará união nacional, onde o projeto será um divisor de águas, unindo todas as forças sociais e políticas para construir um futuro melhor. Segundo, proporcionará mais proteção social e segurança, dado que os jovens ocupados em escolas terão menor exposição à violência, ao trabalho infantil e à criminalidade. Terceiro, levará ao desenvolvimento integral, com uma Uma abordagem que combina ensino acadêmico, formação sócio emocional , esportes e cultura, formando cidadãos mais completos. Quarto, proporcionará um forte impacto econômico, onde jovens bem-educados representam uma força de trabalho mais qualificada, atraindo investimentos e elevando a competitividade do país. E por último, e não menos importante, reduzirá às desigualdades regionais, pois a educação em tempo integral pode mitigar disparidades históricas entre regiões, promovendo coesão social.
E quais desafios e soluções para que o ensino de tempo integral seja uma realidade em nosso país? Em termos de financiamento, o Brasil já dispõe de fundos como o FUNDEB, que podem ser otimizados. Além disso, parcerias público-privadas podem acelerar a construção e modernização de escolas. No tocante a qualificação dos professores, a implantação de um programa nacional de formação continuada pode preparar professores para os novos desafios, garantindo qualidade de ensino. E aliado a qualificação, a proposta de remuneração por mérito permitirá identificar e recompensar os melhores profissionais, incentivando a excelência por meio de avaliações regulares e transparentes. Liderando tudo isso, é preciso uma gestão eficiente, que pode ser inspirado em modelos bem-sucedidos, como o chinês e o indonésio, pode ajudar o Brasil a implementar políticas educacionais eficazes, com metas claras e monitoramento contínuo.
Sergipe: Um modelo de inclusão e inovação
As ações realizadas em Sergipe demonstram como políticas públicas e parcerias com o setor privado podem transformar a vida de jovens, promovendo inclusão produtiva e desenvolvimento econômico sustentável.
O Programa Primeiro Emprego (PPE) é uma iniciativa do Governo de Sergipe para qualificar e inserir jovens de 18 a 29 anos no mercado de trabalho formal. Desde 2023, o programa capacita participantes em diversas áreas, conectando-os a empresas parceiras.
Atualmente, o PPE atende municípios como Aracaju, Tobias Barreto, Estância e Lagarto, com centenas de jovens matriculados em cursos técnicos, como o de Operador de Supermercado.
Em 2024, Sergipe foi convidado a apresentar o Programa Primeiro Emprego no evento G20 Social, sendo o único estado brasileiro selecionado. O programa foi reconhecido por sua abordagem inovadora e impacto social, alinhando-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8 (ODS 8).
A parceria do Sistema S – SESI, SENAI e SENAC – com o Governo do Estado, na execução do programa, tem sido um pilar na formação técnica e profissional de jovens e adultos no estado. Com cursos voltados para áreas estratégicas, a iniciativa reduz o desemprego juvenil e oferece mão de obra qualificada para setores-chave da economia sergipana.
Outra parceria que tem dado certo é com as empresas que têm desempenhado um papel essencial no sucesso do PPE, a exemplo da empresa Fasouto. Além de oferecer treinamento técnico por meio do Sistema S, a empresa contratou jovens qualificados pelo programa. Um exemplo notável é o de Maria Eduarda Barreto de Jesus, de Tobias Barreto. Aos 19 anos, Maria Eduarda investiu em capacitação no Senac e, atualmente, está empregada como Operadora de Supermercado na Fasouto, mostrando como o programa transforma vidas.
A empresa média regional Fasouto (www.fasouto.com.br) vem fazendo a sua parte apoiando e ampliando sua participação em todos os programas de inclusão dos jovens pelo trabalho, tendo sido destaque em atividade da Fundação Dom Cabral (www.fdc.org.br), cujo tema foi Negócios e Organizações Sustentáveis. O case grupo Fasouto foi trabalhado e gerada a sua matriz de materialidade, focando em uma ODS escolhida que foi o emprego digno e crescimento econômico. Segue link para consulta Projeto Valor Compartilhado e ESG
Além do Programa Primeiro Emprego, o Cajutech é outra iniciativa importante. O Cajutech é um polo tecnológico que integra educação e inovação, preparando jovens para áreas emergentes como tecnologia da informação e economia digital.
As parcerias público-privadas garantem que a qualificação esteja alinhada às demandas do mercado, gerando resultados econômicos positivos para o estado. Jovens como Maria Eduarda não apenas entram no mercado de trabalho, mas também adquirem habilidades que garantem estabilidade e progresso profissional.
A experiência de Sergipe serve como inspiração para outras regiões, mostrando que é possível combinar políticas públicas eficazes com a força do setor privado. Essas iniciativas colocam Sergipe na vanguarda da inclusão produtiva, destacando-se como um modelo nacional de integração entre educação, mercado de trabalho e desenvolvimento econômico.
Conclusão: um Pacto Nacional pela Educação
Certamente, implementar um sistema de educação em tempo integral de imediato e em larga escala, colocando todos nossos jovens dos 02 aos 18 anos na escola, não é tarefa simples. A medida visa romper ciclos de pobreza, oferecer um ambiente seguro e promover o desenvolvimento acadêmico, cultural, esportivo e social de crianças e jovens. Trata-se de uma escolha estratégica que prepara o Brasil para os desafios do século XXII. Exige recursos financeiros, infraestrutura e comprometimento político. No entanto, como demonstram exemplos internacionais, o planejamento estratégico e o engajamento da sociedade podem superar esses desafios.
Esse pacto nacional em torno da educação em tempo integral, deve transcender governos e ciclos eleitorais. Assim, como campanhas de conscientização mudaram hábitos no passado — como o uso obrigatório do cinto de segurança —, podemos, com esforço coletivo, tornar inaceitável a ideia de uma criança ou jovem fora da escola.
Educação em tempo integral não é uma utopia, é uma escolha. Uma escolha que requer coragem, comprometimento e visão de futuro. Cabe a cada um de nós, como cidadãos, líderes empresariais e políticos, fazer a nossa parte para transformar essa ideia em realidade. Somente assim podemos garantir que os caminhos escolhidos hoje levem a um Brasil mais justo e próspero amanhã.
[*] Estanciano, “quase” 61 anos, administrador de empresas e sócio administrador da Fasouto. Presidente do Conselho Fiscal da ABAD, defensor do empreendedorismo e da educação como pilares de transformação social
Referências:
Opinião – Educação em tempo integral, obrigatoriedade para alicerçar a construção de um futuro promissor. Link: Educação em Tempo Integral: obrigatoriedade para alicerçar a construção de um futuro promissor
Sergipe é Destaque no G20 Social com Programas de Empreendedorismo e Educação. Link: https://www.fecomercio-se.com.br/sergipe-e-destaque-no-g20-social-com-programas-de-empreendedorismo-e-educacao/
Sergipe contribui para a Declaração Final da cúpula social do G20. Link: https://www.se.gov.br/noticias/desenvolvimento/sergipe_contribui_para_a_declaracao_final_da_cupula_social_do_g20
Brasil desperdiça 40% do talento das crianças, diz estudo inédito do Banco Mundial. Link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62018496 e https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/07/04/brasil-desperdica-40-do-talento-de-suas-criancas-diz-estudo-inedito-do-banco-mundial.ghtml
Artigo: De geração nem-nem para Caju Tech. Link: https://www.sosergipe.com.br/de-geracao-nem-nem-para-caju-tech/