Viver é um ato político

Artigo escrito pelo cientista social Francisco Emanuel, carinhosamente conhecido como professor Chico

Por Professor Chico [*]
Articulista que escreve às sextas-feiras

A partir deste dia 03 de janeiro do incipiente ano de 2025 estarei com os leitores do site O Caju todas as sextas-feiras. Vamos falar de política e educação de maneira a estabelecer relações sobretudo com as questões contemporâneas das coletividades humanas. Sou conhecido como Chico, professor Chico, tenho 32 anos, sou professor de sociologia, casado com Maria Beatriz, que é turismóloga. Só nasci em Aracaju, me reconheci gente em Capela e vim estudar e me encantei pela cidade Mãe do nosso estado de Sergipe, onde conheci meu diploma e o meu amor.

Como professor de sociologia da rede estadual, estou integrado há cerca de dois anos a uma rede chamada Rede Estadual de Educação Cidadã. Através desse coletivo compartilhamos noções, vivências, conceitos, teorias e ideias sobre democracia com os nossos alunos, desde o ensino fundamental até o médio. Nosso objetivo não é a utópica e deslocada aspiração de tornar o Brasil um Estados Unidos ou uma Suíça, mas trazer luz à cidadania das populações onde estamos inseridos através de uma educação para a democracia.

Acabamos de começar um novo ano e oportunamente tivemos a posse de novos prefeitos (os) e vereadores (as) país afora. Isso nos remete à campanhas políticas, jingles, atos de campanha, horário eleitoral, voto e eleições. A maioria de nós identifica a política ou até mesmo a reduz diretamente a essas questões. Mas e se eu disser a vocês que parte predominante das nossas decisões aparentemente inofensivas e individuais são políticas? E que a política enquanto ideal aristotélico é a arte do bem comum, mas também é a arte de decidir em/pela coletividade?

Você pretende constituir uma família? Frequenta alguma religião? Não frequenta? Mora na zona rural ou urbana? Estudou até qual etapa? Possui veículo? Tem alguma doença crônica? Tem mais de sessenta anos? Paga previdência privada? Votou nas últimas eleições? É do candonmblé ou neopentecostal? O que você acha sobre o uso de celular nas escolas? E no dia-a-dia?

Alguém mais longevo e anterior a este humilde professor que vos fala já disse que boas perguntas são tão ou mais importantes do que a qualidade das respostas que demos, inclusive porque para vivermos numa democracia plena precisamos de condições legais e de recursos para possibilitar a diversidade de respostas para os nossos problemas sociais e corrigir/punir o que nos ameaça enquanto coletividades.
Aí é que mora o diabo, querido leitor. Como ser feliz ganhando um salário mínimo (R$ 1.518,00)? Como ser triste ganhando o teto salarial do funcionalismo público (R$ 46.366,19)? Dinheiro compra a felicidade? Quem deve pagar mais impostos? Quem está certo é o governo ou o sindicato?

Temos ideologias (visões de mundo) e posições sociais e, como diria um velho barbudo, nas palavras de um grande amigo, “a cabeça pensa onde os pés pisam” e é isso que faz um professor filho de sindicalistas, branco, cis, hetero, candomblécista e assalariado, que mora numa região periférica da grande Aracaju pensar diferente de um empresário, branco, neopentecostal, cis de uma cidade do interior do estado e até mesmo de um adolescente negro, gay, evangélico, microempreendedor individual que opta por uma faculdade privada em lugar da pública.

Nossas ideias, identidades, memórias, decisões e crenças estão mais cheias de politica do que gostaríamos e como Gonçalves Dias disse, viver é luta renhida e embora nem toda vida mude, só a luta muda a vida.

[*] Francisco Emanuel Silva Meneses Alves é cientista social, articulista, comunicador político @politica_facil_ (no Instagram), Membro da Rede Estadual de Educação e Idealizador do projeto “Politica Fácil” enquanto professor temporário de sociologia na rede estadual de Sergipe

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