Por Silvio Santos [*]
Acabei de ler a pesquisa DataFolha por dentro, não apenas o que dizem as manchetes de jornais e queijandos, que se resumem (propositalmente) aos números de aprovação/reprovação. Inclusive a comparei com a Quaest divulgada há uns três dias. As duas dizem muito mais coisas pró governo e pró Lula do que a versão que interessa aos porta-vozes da Faria Lima e os do caos. E dentre estes, seguramente, não está o Política de Fato (o portal saiu com um Editorial fazendo um apelo para que Lula saia de cena e faça um gesto de pacificação). Tenho certeza.
Li as pesquisas porque percebi a inquietação de companheiros lulistas, petistas e progressistas, com as manchetes das mídias a partir da DataFolha.
Posso garantir que não há na pesquisa nada de novo nem tão assustador assim, ainda que ache que o governo Lula precisa assumir a tarefa de pautar o debate e não ficar correndo atrás do prejuízo causado por uma oposição inconsequente do “enquanto pior melhor” e a base de fake news criminosas e irresponsáveis. Além, é claro, de corrigir rumos que precisam ser realinhados especialmente na área social.
A tarefa de qualquer governo é ter política para pautar o debate na sociedade e não ser pautado.
Ouvi durante muito tempo que nosso problema era a comunicação. Mesmo achando-a fraca, nunca achei que o problema maior era esse. Não sou adepto das certezas absolutas, mas penso que sem uma ação política eficaz, nenhuma comunicação dará certo.
A principal pauta em debate de iniciativa do governo nesses 2 anos foi na área fiscal (arcabouço, ajuste, etc.). Temas úteis, importantes, mas áridos para a população que sofre com o custo de vida. A área social do governo (o nosso ponto mais forte) não reverbera os mais de 200 bilhões (previstos para 2025) investidos na população mais pobre, ou seja, o ministro que ocupa o debate é o do tema árido, o que contempla os mais pobres ninguém conhece a voz. Isso tem efeito na sociedade.
As duas pesquisas (DataFolha e Quaest) mostram que Lula é, dentre todos, o candidato mais forte para 2026, mas não é uma posição definitiva, principalmente se continuarmos sendo minados sem reação.
O governo precisa dar um sacolejo. A reforma ministerial, que vem sendo empurrada com a barriga, se impõe como urgente para que o governo e o Lula saiam das cordas e reassumam o protagonismo no debate político; e, nesse processo, mais gente do governo, vendendo o peixe (de preferência mais barato) pescado nas boas ações do governo.
Antes que a beligerância tão presente nas mídias sociais, ou a luta interna (a)postem que eu defendo a substituição de companheiros A ou B no governo, afirmo aqui que, absolutamente, não se trata disso, mas sim de uma estratégia política para recuperar o protagonismo no debate político e dar a linha deixando assim de ficar correndo atrás do prejuízo.
De resto, é como já dizia o poeta: “desesperar jamais”.
[*] Foi vice-prefeito de Aracaju, ex-presidente do PT em Aracaju e em Sergipe